sexta-feira, 11 de março de 2011

 

Armando Babaioff tem se destacado em "Ti-ti-ti" como o surfista Thales. O ator, de 29 anos, conversou com QUEM sobre a homossexualidade nas novelas, sua carreira no teatro e vida pessoal. Ele conta que, quando aceitou o papel, não sabia que seu personagem se revelaria homossexual e se apaixonaria por Julinho (André Arteche). "Eu sabia que entraria em um capítulo avançado, mas não a real função do Thales na trama. Fui pego de surpresa inclusive no processo de criação, o que foi muito bom".

Ele elogia a forma como a autora Maria Adelaide Amaral e sua equipe têm abordado a homossexualidade na trama, exibida às 19 horas. "Sinto que as pessoas, quanto mais o tempo passa, sentem a necessidade de ver a sociedade reproduzida nas novelas, e os autores foram sensíveis ao colocar esse assunto em pauta. O sofrimento do personagem ficou em primeiro plano e o público se identificou com isso. É bom ver que o ser humano ainda tem sangue nas veias, que percebe que não pode tapar o sol com a peneira porque existem pessoas sofrendo por essa questão, e o sofrimento não tem sexo. Cada um tem de ser aquilo que quer".

O pernambucano, que desde os 9 anos mora no Rio de Janeiro, garante que não se recusaria a entrar para a história da teledramaturgia brasileira dando o primeiro beijo entre dois homens em uma novela, caso seja necessário. "Pelo personagem, estando dentro do que o autor acredita que eu vá conseguir fazer, por que não? Mas um beijo em 'Ti-ti-ti' não seria importante, nem para coroar o momento. A discussão está na autoaceitação, e não voltada para isso", avalia.

Alex Carvalho e Renato Rocha Miranda
Armando Babaioff e Claudia Raia, intérprete de Jaqueline, com quem seu personagem se casou de fachada
 Preparação

Ao descobrir que Thales faria par romântico com Julinho, Armando ficou curioso em ver a abordagem do assunto anteriormente na TV. "Assisti a algumas cenas de 'A próxima vítima' (1995) na internet para ver como foram tratados os personagens Sandrinho (André Gonçalves) e Jefferson (Lui Mendes). Existe uma diferença do que chocaria na época e hoje em dia. A sutileza daquela época e de hoje são diferentes, o tempo permitiu isso. Acho que em um futuro próximo seremos felizes discutindo coisas sem tantos véus na frente, porque as pessoas conseguirão enxergar um pouco mais além", avalia.

Para começar a gravar, ele precisou fechar a boca. "Eu fazia teatro, em São Paulo, e não sei o que essa cidade tem que a gente não para de comer e beber maravilhosamente bem. Saía muito com meus amigos lá. Então, quando descobri que minha primeira cena era saindo de uma praia sem camisa, parei de comer macarrão (risos)". O ator disse ainda não ter enfrentado preconceito dos surfistas, por interpretar um homossexual. "Não tive tempo nem de ir a praia, por causa das gravações".